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O papel do professor

Atualizado: 10 de jan. de 2023


A palavra מורה possui uma única escrita para os dois gêneros (o que não é algo muito comum no hebraico), porém, pronúncias distintas: “morê” para professor e “morá” para professora.


O mais interessante, no entanto, são duas outras palavras que, escritas exatamente como מורה, carregam significados que nos fazem refletir sobre o papel do professor.


A Beleza da Palavra | Morê/Morá - Professor(a), Navalha

Morá também é navalha, aquele objeto que, só de pensar, já nos causa certa aflição. E, não por acaso, morá também significa medo. Nesse caso, escrita com um א (álef) no final (מורא). Esse medo, porém, estende-se ainda a um sentido de temor, reverência.


Assim, conhecendo esses paralelos, compreendemos que o professor deve ser afiado como uma navalha; estar pronto, preparado a todo tempo. Deve saber manejar suas palavras e ensino como um profissional que utiliza a navalha: de forma cuidadosa, mas firme, sem hesitação. Tudo isso com o objetivo de moldar o aluno corretamente, com a máxima beleza e perfeição; aparando o que é desnecessário ou inútil, e abrindo espaço para que o potencial do estudante se desenvolva – exatamente como acontece com nossos cabelos ao serem cortados.


Na Escritura existem belos exemplos do uso do radical dessa palavra, sendo um deles largamente conhecido: מוריה (Moriá). A terra/monte onde Yitschak (Isaque) foi oferecido a YHWH, como sinal de obediência e fé de Avraham (Abraão) [Gn 22:2]; e também onde Shlomoh (Salomão) construiu o templo [2Cr 3:1].


Moriá מוריה pode ser entendido como “Yah é professor”, “Yah é temível” ou também “um lugar de reverência para Yah”. Todos eles abrangem os significados de YHWH como o maior mestre, a quem devemos reverência e temor.

Além desses significados, מורה (morê) também tem outra linda definição: primeiras chuvas. Em Israel, são as chuvas de outono, que iniciam por volta do final de outubro. Depois elas se estendem, aumentando de volume à medida que chegam os meses mais frios (dezembro a fevereiro). Essas leves chuvas que abrem a temporada são fundamentais para preparar o solo a fim de receber as sementes, iniciando a época do plantio.

E aqui, encontramos mais uma importante mensagem: o professor também precisa ser como as chuvas de outono. Sua instrução deve ser aplicada de forma suave e amorosa, preparando o coração daqueles que querem aprender. E, sobre esse solo úmido, as sementes são lançadas. Sendo cuidadas e nutridas por boa terra, espera-se que venha farta colheita, a 100, 60 ou 30 por um, como nosso Mestre nos ensina (Mt 13:3-9).


A Beleza da Palavra | Morê - Professor, Primeiras chuvas

Podemos ainda relembrar de um momento muito especial que acontece em um período próximo às primeiras chuvas, logo após o 7º e último dia da festa de Sukot (Cabanas). No 8º dia – uma espécie de prolongamento da festa, chamado por “Shemini Atseret” – é tradição recitar a “tefilat gueshem”, uma oração especial pedindo pelas chuvas. Que elas venham no tempo e quantidade ideais para que a terra possa produzir, não havendo escassez e fome.


E foi nesse mesmo dia, conhecido nas traduções por “grande dia da festa”, que Yeshua proclamou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.” (Jo 7:37-38). Yeshua referia-se à Ruach haKodesh, ao Espírito de YHWH, que seria derramado sobre os que depositassem sua emunah (confiança) nele.


Yeshua é nosso Mestre; o maior que já existiu e que existirá entre os homens. Seu ensino era (e continua sendo) a água mais pura, que vem direto dos céus, a única capaz não apenas de matar a sede de nossa alma, mas também de nos dar vida!


Mesmo que estejamos por ora na missão de ensinar, somos todos pequenos alunos perante o Mestre. Então, que possamos honrá-lo, aprendendo e vivendo continuamente de seu ensino, pois “a Palavra de YHWH é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4:12).


Assim, estejamos prontos a manejá-la nos passos de nosso grande Morê: com a firmeza exigida por uma navalha, mas também com a suavidade das primeiras chuvas!



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